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- CATEGORIA CRÔNICA
PERDIDOS
FRANCISCO
ELTON DOS SANTOS
EEEP
FLÁVIO GOMES GRANJEIRO
3º ANO
“A” – TÉCNICO EM AGROINDÚSTRIA – INTEGRAL
PARAIPABA
CREDE 02
Passara
eu todos os dias para ir ao trabalho, na frente do jardim da empresa que,
durante o verão, sempre estava preenchido de flores de um ar bem doce. Eu havia
de vê-las todo santo dia, mas nunca parava pra apreciá-las. Seguia-se assim o
ciclo infernal dos dias, quando percebi, o verão estava para acabar e restara
somente uma flor naquele jardim, uma margarida. Ela ainda vivia, pois brilhava
em meio as outras mortas. O que a deixara tão bonita era o contraste entre vida
e morte. A morte das outras trouxe a ela a solidão, mas a deixou mais linda
porque sua cor destacava-se diante daquelas que pereciam. Haveria um dia em que
eu passaria por aquele mesmo jardim e veria a única flor morta, mas até lá eu
aproveitaria e gozaria do tempo que ainda tenho vendo os resquícios de vida
daquela margarida, que jazia num jardim morto.
Como eu aproveitaria? Não
fazia ideia. Se alguém conseguisse me responder, eu perguntaria. Mas por
enquanto, dou eu mesmo a resposta: não tem resposta. Olhar. Simplesmente olhar
e sentir o brilho daquela flor esguia e sozinha era o aproveitar. Se eu
sorrisse a olhá-la, eu aproveitaria; se eu lembrasse dela à noite durante
minhas crises de insônia, eu aproveitaria; se eu dedicasse poucos versos a ela,
eu aproveitaria. Aproveitaria o que, afinal? O momento e a sensação de estar
aqui, sobretudo, viver e a vida. Mas é inútil pensar assim, porque à medida que
se passarão os dias, eu me perderei no cotidiano maçante e nesse ciclo
infindável de fazer e refazer. Nessa vida mais mecânica que orgânica, eu
acabaria por esquecer da flor e das palavras ditas da boca pra fora. Então,
apenas me daria conta dela quando finalmente a visse morta no jardim. A morte
tem dessas, de nos fazer perceber as pequenas coisas com a dor de quando elas
se vão; de relembrar os pequenos momentos quando sabemos que eles não se
repetirão.
A única flor viva daquele
jardim morto virou minha fuga da realidade nas manhãs. Olhava ela e lembrava
dos risos e sorrisos que um dia eu tinha dado com tanto gosto. Agora, não mais,
pois preso estava no cotidiano do trabalho e não tinha mais tempo pra
reencontrar os velhos amigos que amo tanto.
Eu estou perdido como tantos
outros nesse mundo de arranha-céus e roncado dos escapamentos e, como tantos
outros, fujo da realidade por meio da internet. Ela é, sobretudo, dura. Preso
nela, esqueço de viver. O que seria o viver, se não o simples ato de sentir?
Então vivo no constante fugir, pois se eu me prender nela de novo, esquecerei
de como é sentir a felicidade das pequenas coisas da vida e aproveitar a única
flor daquele jardim morto. Os dias viriam a se tornar monótonos enquanto eu
morreria aos poucos, como aquela flor.
Parece-me que todos somos um
jardim no final das contas. Temos tantas flores mortas que deixamos de regá-las
e tantas vivas, que estão morrendo porque as negligenciamos. Aos poucos em que
vivemos, vamos colecionando mais e mais flores que fazem de nós algo bonito. O
conjunto das pequenas coisas torna o singular tão bonito, como um jardim
florido.
Pergunto-me se alguém viu
aquela margarida. Talvez sim, mas será que da mesma forma que eu? Talvez não
haveria de ter um nesta terra que a visse como vejo. As coisas são como são, e
buscar sentido em todas elas, como busquei naquela flor, é um caminho onde há
somente um final: a loucura. Ligamos diariamente nossos celulares e
computadores para vermos notícias do mundo afora, sem ao menos notarmos nosso
mundo de dentro. E quando o notamos, buscamos sentido em tudo que vemos aqui
dentro. Nesse dilema infernal, nós acabamos por nos sentirmos perdidos sem o
sentido do que há dentro de nós, sem perceber que só deveríamos deixar, porque
passa. Tudo passa, tal como a flor passara e o que restara era só um sentimento
sem sentido que ela me causou. Sentimento esse que dediquei tantas palavras a
ela em busca de dar-lhe um. No final das contas, eu também estou perdido, mas
quem não está? Buscamos sentido até na morte, mesmo que não haja, nós matutamos
até que ela acaba por nos levar também. Nessa busca do sentido em meio a
realidade dura preenchida de um cotidiano repetitivo, esquecemos do que nos
torna humanos, o simples fato de sentir.
Talvez eu deva comprar uma
flor pra olhá-la toda manhã e não me perder. Não me perder de mim mesmo nesse
mundo de tantas máscaras e poucos sentimentos.
PLANETAS
ANA
ROCILDA DE CASTRO GONÇALVES
EEEP
FLÁVIO GOMES GRANJEIRO
3º ANO
B -TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO – TURNO INTEGRAL
PARAIPABA
CREDE 02
Navegando
pelo universo encontrei o sol que iluminava a lua
Porém
é nas constelações de Órion que me perco
Não
vejo que defeito possa ocorrer
Se
Saturno pudesse ver Plutão
Admiraria
a pequenez do simples
Admiraria
a incrível sagacidade de admirar
Admiraria
a certeza absoluta que acelera na luz constante
Quantas
estrelas há no céu? Não sei.
O
bastante creio para iluminar esse universo
O
bastante para amar mil amores enlouquecidamente
O
bastante para que Saturno vesse Plutão
Quem
dirá a galáxia que possa desmembrar seus belos anéis
Que
sólido, pequeno, transparente e completo
Saiba
que Júpiter tem inveja porque está atrás de seus delicados fragmentos cósmicos.
Por
não ter a companhia de titã e muito menos de mimas.
Se
Saturno deixasse de lado seus lindos anéis
Veria
com certa nitidez o brilho que há nos outros planetas.
Que na
origem da vida há o mistério impetuoso, disso eu sei
Das
pequenas poeiras do universo, das constelações infinitas
Dos
átomos, das estrelas, do segundo sol, das fases da lua
Da
textura desse mito da cosmogonia, perco o apreço do desconhecido.
Procuro-me
perdidamente sobre o sentido da vida
Embora
afogue-me em lágrimas por não estar próximo de Saturno.
Não te
procuro, mas te noto. Te curo, te querendo.
Mas
saiba que é nas fases da lua que enlouqueço
E caí
a ficha e dessa vez percebo
O
porquê o sol ilumina a lua
Como
combina em meio as tempestades
Olhe
lá, bem ali, veja.
Até
mesmo os planetas se atraem
Até
mesmo Saturno e seus indecifráveis anéis
Até
mesmo os meteoros, meteoritos, cometas
Isso
mesmo o caos que aquece o céu do universo
A
gravidade de observar o céu a noite pertos das águas claras
Para
sentir com o sentido do que se passa no vácuo ausente
Se
Saturno observasse a beleza escondida que há nos outros planetas.
Como
seria diferente.
- CATEGORIA POEMA
- CATEGORIA MUSICA INTÉRPRETE
- CATEGORIA MUSICA AUTORAL